Tecnologia, Educação, Ética e Vida
Clylton Galamba
Na ausência de uma ética maior que coloque o Homem mais próximo dos objetivos da vida, a artificialidade de que se reveste a tecnologia e a educação, leva o Homem a um confronto direto e constante com a natureza, o que onera em muito a economia humana e principalmente a das futuras gerações.
Arraigado a uma crença quase inabalável no papel redentor de ciência, o Homem já não produz tecnologia em função de suas necessidades, que talvez nunca tenha sabido mesmo quais são, mas muito em função da necessidade de produzir tecnologia. Esta crença desmesurada na ciência em nada difere na crença que os antigos tinham nos deuses, e da crença que levou a igreja à santa inquisição.
Por mais paradoxal que seja, a educação é ao mesmo tempo, heroína e vilã. Todos reconhecemos e louvamos o seu papel de heroína, mas somos incapazes ver o seu lado nefasto que é o de produzir um comportamento maquínico no Homem. A já desgastada relação aluno-professor, tendo o professor como detentor do conhecimento, quando na verdade é apenas detentor da informação, cria uma atitude passiva nos educandos que passam a ser peritos na reprodução de modelos já estabelecidos.
Por conta do discurso cientificista, o Homem passou a priorizar, num processo já bem sistemático na educação, uma relação de natureza preponderantemente cognitiva com a vida, onde os modelos e explicações passaram a ser mais importantes do que o significado. Quando a compreensão deveria servir para reforçar o significado das coisas, e não tem porque não deveria fazê-lo, é só uma questão de educação onde os aparatos afetivos deveriam se sobrepor aos tecnológicos.
Se eu disser que máquinas podem ser dotadas de modelos mas não atribuem significado às coisas, alguém gritaria, não ainda! Aludindo que eventualmente o Homem vai desvendar o todo. Não vejo nada de errado que as máquinas venham a se assemelhar aos humanos, o problema é nós estarmos assumindo um comportamento cada vez mais parecido com o delas, e daí toda essa violência urbana crescente na qual o mundo está metido.
Até entendo que máquinas dotadas de grande habilidade podem nos livrar de tarefas enfadonhas e perigosas, e que sendo capazes de sofrer como nós poderiam nos substituir em muitos outros aspectos de nossas vidas. Mas o que vamos deixar para nós fazermos? Vamos deixar ainda algo que só nós podemos fazer porque assim decidimos conscientemente ou por não podemos mesmo dar às máquinas tudo que gostaríamos? Se dar às máquinas qualidades humanas for equivalente aquela máxima religiosa de que Deus fez o Homem à sua imagem, produzir tecnologia é algo de natureza transcendental e em nada difere do discurso mítico, não sendo a toa que há quem veja o momento propiciado pela Internet como um momento similar ao vivido pelo Homem na idade média.
Talvez seja uma ironia da vida, à maneira que o Homem tenta dar as máquinas qualidades humanas, passe a se comportar como elas, e dentro de algum tempo nos acharemos interagindo com máquinas quasi-humanas quando na realidade seremos seres quasi-máquinas. O que não será um problema pois nunca saberemos mesmo o que aconteceu, e todo mundo viverá feliz para sempre.
Há quem diga que não temos como explicar para o peixe o que é a água, e pela mesma razão, talvez o ser vivo nunca venha saber o que é estar vivo, o ser consciente saber o que é consciência, um louco saber que é louco, e o cientista saber o que é ciência.
Administrar a vida com sabedoria é uma questão de consciência ética! Você tem?
Se tem, com certeza deve ser algo em um nível bem mais alto na sua hierarquia mental (de maior complexidade, talvez?) que as questões cotidianas da vida. É nesse processo chamado vida que a consciência ética, se colocando acima de tudo, pode ajudar você, e eu, a traçar diretrizes existenciais através de aparatos éticos que visem o bem comum.
Felix Guattari em "As Três Ecologias" fala da Ecosofia como uma articulação ético-política envolvendo a ecologia do meio ambiente, da vida social, e da subjetividade humana, o que equivale a dizer que temos que buscar um equilíbrio na atuação dos aparatos tecnológicos, afetivos, e éticos do homem.
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