[espacosaude-ma] A Fábula dos Porcos Assados
A Fábula dos Porcos Assados
Certa vez aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque.
Mas o que queremos contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o sistema. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: às vezes os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o sistema falhava, as perdas eram muito grandes.
Milhões se alimentavam de porco assado e milhões se ocupavam de assá-los. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o sistema. Congressos, seminários, conferências eram realizados para buscar uma solução. Mas não acertavam o melhoramento do mecanismo.
Causas de fracasso do sistema:
Segundo os especialistas, eram atribuídas:
à indisciplina dos porcos (não permaneciam onde deveriam)
à inconstante natureza do fogo (incontrolável)
às árvores (excessivamente verdes)
à umidade da terra
ao serviço de meteorologia (não acertava o lugar, o momento e quantidade das chuvas e ventos)
Estrutura do sistema
Ministério do Assamento
Secretaria Geral de Técnicas Ígneas
Universidade Nacional de Porcologia
Comissões Regionais para Reflorestamento de Alta Combustão
Núcleo de Treinamento em Anemotécnica
Bureau de Reformas Igneooperativas
Pessoal alocado no sistema:
72.580 igneotécnicos - incendiadores especializados
30.412 anemotécnicos - especialistas em ventos
8.976.348 reflorestadores - para bosques de assamento
3.678.255 controladores de incêndio
66.542 pesquisadores universitários
Proposições dos Congressos:
Aplicar triangularmente o fogo depois que os ventos atingirem 46 km/hora
Soltar os porcos 15 minutos antes que a temperatura média do incêndio atinja 67º
Posicionar ventiladores-gigantes em direção oposta ao vento, de forma a direcionar o fogo.
Outras 89 proposições estavam sendo estudadas na Universidade
Um dia um incendiador categoria AB/SODM-VCH (acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso), chamado João Bom-Senso apresentou uma nova proposta na Reunião de Reforma e Melhoramento.
Proposta de João Bom-Senso:
matar o porco escolhido
limpar e cortar adequadamente o animal
colocar uma armação metálica três palmos acima de um braseiro
colocar os pedaços de carne já temperados sobre a armação metálica
permitir que o calor - e não as chamas - asse a carne
A proposta foi recusada porque João Bom-Senso não soube responder as seguintes questões:
O que fazer com o conhecimento específico dos:
72.580 igneotécnicos;
30.412 anemotécnicos;
8.976.348 reflorestadores;
3. 678.255 controladores de incêndio;
66.542 pesquisadores universitários; e
tantos outros que direta ou indiretamente participam do sistema.
Parecer Técnico da Diretoria Geral de Assamento:
A proposta não apresenta solução para certos problemas específicos. Temos que melhorar o sistema e não transformá-lo radicalmente.
O problema é bem mais sério e complexo do que o proponente imagina.Moral É por essas e outras que, em reuniões de reforma e melhoramentos, o Sr. Bom-Senso tem aparecido muito pouco.
Ana Caroline - UFRJ
Certa vez aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque.
Mas o que queremos contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o sistema. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: às vezes os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o sistema falhava, as perdas eram muito grandes.
Milhões se alimentavam de porco assado e milhões se ocupavam de assá-los. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o sistema. Congressos, seminários, conferências eram realizados para buscar uma solução. Mas não acertavam o melhoramento do mecanismo.
Causas de fracasso do sistema:
Segundo os especialistas, eram atribuídas:
à indisciplina dos porcos (não permaneciam onde deveriam)
à inconstante natureza do fogo (incontrolável)
às árvores (excessivamente verdes)
à umidade da terra
ao serviço de meteorologia (não acertava o lugar, o momento e quantidade das chuvas e ventos)
Estrutura do sistema
Ministério do Assamento
Secretaria Geral de Técnicas Ígneas
Universidade Nacional de Porcologia
Comissões Regionais para Reflorestamento de Alta Combustão
Núcleo de Treinamento em Anemotécnica
Bureau de Reformas Igneooperativas
Pessoal alocado no sistema:
72.580 igneotécnicos - incendiadores especializados
30.412 anemotécnicos - especialistas em ventos
8.976.348 reflorestadores - para bosques de assamento
3.678.255 controladores de incêndio
66.542 pesquisadores universitários
Proposições dos Congressos:
Aplicar triangularmente o fogo depois que os ventos atingirem 46 km/hora
Soltar os porcos 15 minutos antes que a temperatura média do incêndio atinja 67º
Posicionar ventiladores-gigantes em direção oposta ao vento, de forma a direcionar o fogo.
Outras 89 proposições estavam sendo estudadas na Universidade
Um dia um incendiador categoria AB/SODM-VCH (acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso), chamado João Bom-Senso apresentou uma nova proposta na Reunião de Reforma e Melhoramento.
Proposta de João Bom-Senso:
matar o porco escolhido
limpar e cortar adequadamente o animal
colocar uma armação metálica três palmos acima de um braseiro
colocar os pedaços de carne já temperados sobre a armação metálica
permitir que o calor - e não as chamas - asse a carne
A proposta foi recusada porque João Bom-Senso não soube responder as seguintes questões:
O que fazer com o conhecimento específico dos:
72.580 igneotécnicos;
30.412 anemotécnicos;
8.976.348 reflorestadores;
3. 678.255 controladores de incêndio;
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domingo, agosto 06, 2006
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