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2 DE AGOSTO DE 2006 - 21h03
Em entrevista transmitida ao vivo diretamente do Palácio da
Alvorada, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou nesta quarta-feira (2) ao "SBT Brasil" que durante a
campanha eleitoral irá priorizar a divulgação das realizações de seu
governo. E "foram muitas", informou o presidente à jornalista Ana
Paula Padrão, que o entrevistou.
Ana Paula Padrão pediu ao presidente que citasse o que deixou de
fazer, desde a posse. Lula respondeu que, em primeiro lugar,
gostaria de citar o que fez.
"Vou mostrar o que eu fiz e foi muita coisa. O povo está comendo
melhor, está trabalhando mais, a economia está crescendo". Segundo
ele, os eixos de um segundo mandato seriam desenvolvimento,
distribuição de renda e "muito investimento em educação, que é o que
vai mudar a cara do Brasil."
"Os preços baixaram. O salário mínimo aumentou. Estou frustrado em
não concluir o processo de votação do Fundeb."
Indagado sobre a ausência do prometido "espetáculo de crescimento",
Lula fez uma provocação. "A gente esquece das coisas. Quando a gente
acha que crescimento de 3,5% ou 4% é pequeno, a gente esquece de
duas décadas de estagnação na economia brasileira. Nós consertamos
esse país. O alicerce está sólido, agora podemos fazer o
madeiramento e o telhado, e o povo brasileiro pode morar tranqüilo".
"Antigamente, os EUA espirravam e nós pegávamos pneumonia. Hoje a
economia brasileira está sólida e nós não vamos sofrer percalços.
Contruímos a solidez."
Constituinte exclusiva
Ao ser perguntado sobre a proposta que lhe foi apresentada de
convocar uma Constituinte exclusiva para aprovar uma nova reforma
política, o presidente disse que vê com simpatia a idéia.
"Vejo com simpatia. Tenho dúvidas se o Congresso conseguiria aprovar
a reforma política dos anseios da sociedade. Normalmente, o
Congresso vai atender aos seus próprios interesses. A idéia da
constituinte não pode ser iniciativa do governo, mas da sociedade.
Precisamos discutir a reforma assim que terminar a eleição. Se a
sociedade puder reivindicar, eu encaminharei a proposta ao
Congresso".
O presidente também respondeu a perguntas da apresentadora sobre
punição de petistas, CPIs, participação em debates na campanha
presidencial e aproximação com o PSOL.
Sobre a proposta de juristas para alterar os poderes das CPIs
(Comissões Parlamentares de Inquérito), o presidente disse ser
favorável ao aperfeiçoamento dessas comissões.
"A CPI pode ser livre, mas não pode ser uma salada de frutas",
disse, criticando a exposição para a mídia dos parlamentares.
Segundo o presidente, ao invés de investigar, os congressistas
querem aparecer e criam confusão. "A investigação precisa punir. Se
utiliza a CPI para fazer merchandising pessoal, complica a seriedade
da apuração".
"O que os juristas me entregaram foi um documento que pede para que
a CPI se atenha a um fato determinado. Agora, vou entregar esse
documento aos presidentes da Câmara, do Senado e da OAB, porque
acredito que, para o próximo período (Legislativo), vamos ter de
fazer um grande debate sobre as reformas políticas que precisamos
fazer no Brasil", explicou Lula.
Para o presidente, a CPI precisa ser livre, mas não pode ser
uma "salada de frutas". Segundo ele, precisa debater, por exemplo,
se as CPIs podem ou não quebrar sigilos bancários.
"A proposta prevê isso, mas penso que se trata de um debate que vai
pegar fogo no Congresso Nacional", completou.
Aproximação com o PSOL
Ana Paula Padrão também perguntou ao presidente se ele buscaria uma
aproximação com o PSOL na eventualidade de ocorrer segundo turno na
eleição presidencial.
Lula preferiu não falar sobre o segundo turno. "Só discuto segundo
turno depois de primeiro de outubro. Trato todos os candidatos com
respeito. Vamos aguardar resultado eleitoral e conversar com quem
precisarmos. Alguns estão mais nervosos, outros mais raivosos,
dizendo coisas insensatas."
Debates
Novamente, Lula evitou confirmar a sua participação nos debates do
primeiro turno. De acordo com ele, o presidente da República é,
antes de tudo, uma instituição e, como instituição, precisa saber
quais as regras estabelecidas.
"Muitas vezes vejo um debate, e já participei de muitos, e por isso
posso dizer, é que algumas pessoas agem com certa insanidade. As
perguntas nem sempre são pertinentes para uma campanha eleitoral",
disse o presidente.
Apesar das críticas, o presidente não descartou sua
participação. "Primeiro, eu gosto de debates. Adoro debate. Se tem
uma coisa que eu gosto muito é ser provocado."
Lula, acrescentou, entretanto, que "eu não estou indo lá (ao debate)
apenas quanto Lula candidato. Até porque, se eu estiver sentado na
cadeira como candidato e acontecer alguma coisa no Brasil, deixo
imediatamente de ser candidato e viro presidente do país. Por isso,
preciso preservar essa instituição. Não vai faltar oportunidade para
debates".
Séries de entrevistas
A entrevista foi anunciada pela apresentadora Ana Paula Padrão como
a primeira do presidente Lula à TV brasileira na condição de
candidato à reeleição.
Segundo pesquisa Datafolha de meados de julho, Lula tem 44% das
intenções de voto, ou 16 pontos percentuais à frente de Alckmin, o
segundo colocado, com 28%. O presidente mantém esses índices de
preferência do eleitorado (pouco mais de 40%) desde abril.
A série de entrevistas ao vivo com presidenciáveis no jornal "SBT
Brasil" teve início na segunda-feira, com Geraldo Alckmin, que
esteve no estúdio em São Paulo. Na quinta-feira (3/8), será a vez de
Cristovam Buarque (PDT). Na sexta, Heloísa Helena (PSOL) será
entrevistada por Ana Paula Padrão.
Na próxima semana, o "SBT Brasil" apresentará reportagens e
entrevistas com os candidatos Luciano Bivar (PSL), Rui Pimenta (PCO)
e José Maria Eymael (PSDC).
Lula volta a ser entrevistado ao vivo em telejornal na próxima
semana, desta vez no "Jornal Nacional", no dia 10 de agosto. A série
da Rede Globo com presidenciáveis se inicia na segunda-feira, dia 7
de agosto, com Alckmin.
Da redação,
Cláudio Gonzalez
www.vermelho.org.br
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