Re: [espacosaude-ma] É Natal ... enquanto isso na Universidade Brasileira...
Caro Denes,
Confesso que me assusto ao ler o seguinte texto...
Assusto-me não com o foco da pesquisa, ou seja, a neurociência, mais especificamente o estudo da mente de criminosos... Assusto-me como a pesquisa é vista, como se fosse um mal...
Assusto-me com o fato de que a tese de que o crime é unicamente social é colocada como se fosse puramente correta, e isso invalidaria o estudo neurocientifico da mente criminosa...
Sabemos todos que o ser humanho se constitui em aspectos biopsicoantroposociais, sendo fundamental compreendê-lo por completo tanto nos aspectos sociais quanto genéticos...
"base biológica para a violência em menores"
O estudo científco nem sempre serve para provar nossa tese, as vezes serve para refutá-la..
O estudo científico pode chegar a conclusão de que não há base biológica no menor infrator, ou chegar a conclusão de que há base biológica para o menor infrator...
Caso prove que há base biológica, muda-se a nossa forma de pensar sobre o menor infrator. Não caiamos no erro de achar que crer na base biológica é negar por completo a influência ambiental e social.
Caso prove que há base biológica, muda-se a nossa forma de pensar sobre o menor infrator. Não caiamos no erro de achar que crer na base biológica é negar por completo a influência ambiental e social.
Caso prove que a base biológica não é relevante, reforça-se a visão social do crime...
Em ambos os casos, o estudo serve para referendar as posteriores práticas de solução para o menor infrator...
O estudo é bem vindo dentro de nossa sociedade...
A ciência é bem-vinda!
Agora o obscurantismo e o medo do novo, deixemos com os "cientistas" de meio-tigela...
lucas valadao
PS: Acho que o estudo vai mostrar que há alterações na mente infratora..
Mas, acho que isso não valida a hipótese em virtude do fator social (aos meus olhos) ser mais preponderantes na maioria esmagadora dos casos...
Caracterizando um viés de seleção no estudo, pois o estudo seleciona menores infratores (apesar de não conhecer o desenho do estudo), que devem ser em sua maioria pobres...
Esperemos um estudo aos moldes caso-controle para mostrar se realmente os resultados podem ser extrapolados...
PS2: Alguém leu o estudo, antes de assinar a nota de repúdio?
dwenen21 <dwenen21@yahoo.
--- In biologia@yahoogroups.com , Naiara Campos <naiaracampos@...>
wrote:
Encaminhando...
> Nota de Repúdio
>
> Estudos sobre a "base biológica para a violência em menores
> infratores": novas máscaras para velhas práticas de extermínio e
> exclusão.
> É com tristeza e preocupação que recebemos a notícia de que
> Universidades de grande visibilidade na vida acadêmica brasileira
> estão destinando recursos e investimentos para velhas práticas de
> exclusão e de extermínio. A notícia de que a PUC-RS e a UFRGS vão
> realizar estudos e mapeamentos de ressonância magnética no cérebro
de
> 50 adolescentes infratores para analisar aspectos neurológicos que
> seriam causadores de suas práticas de infração nos remete às mais
> arcaicas e retrógradas práticas eugenistas do início do século XX.
> Privilegiar aspectos biológicos para a compreensão dos atos
> infracionais dos adolescentes em detrimento de análises que levem
em
> conta os jogos de poder-saber que se constituem na complexa
realidade
> brasileira e que provocam tais fenômenos, é ratificar sob o
agasalho
> da ciência que os adolescentes são o princípio, o meio e o fim do
> problema, identificando-os seja como "inimigo interno" seja como
> "perigo biológico", desconhecendo toda a luta pelos direitos das
> crianças e dos adolescentes, que culminou na aprovação da
legislação
> em vigor - o Estatuto da Criança e do Adolescente.
> Pensar o fenômeno da violência no Brasil de hoje é construir um
> pensamento complexo, que leve em consideração as Redes que são cada
> vez mais fragmentadas, o medo do futuro cada vez mais concreto e a
> ausência de instituições que de fato construam alianças com as
> populações mais excluídas. É falar da corrupção que produz morte e
> isolamento e da precariedade das políticas públicas, sejam elas as
> políticas sociais básicas como educação e saúde, sejam elas as
medidas
> sócio-educativas ou de proteção especial.
> Enquanto a Universidade se colocar como um ente externo que apenas
> fragmenta, analisa e estuda este real, sem entender e analisar
suas
> reais implicações na produção desta realidade, a porta continuará
> aberta para a disseminação de práticas excludentes, de realidades
> genocidas, de estudos que mantêm as coisas como estão.
> Violência não é apenas o cometimento do ato infracional do
> adolescente, mas também todas aquelas ações que disseminam
> perspectivas e práticas que reforçam a exclusão, o medo, a morte.
> Triste universidade esta que ainda se mobiliza para este tipo de
> estudo, esquecendo-se que a Proteção Integral que embasa o ECA
> compreende a criança e o adolescente não apenas como "sujeito de
> direitos" mas também como "pessoa em desenvolvimento" - o que por
si
> já é suficiente para não engessar o adolescente em uma identidade
> qualquer, seja ela de "violento" ou "incorrigível".
> A universidade brasileira pode desejar um outro futuro: o de estar
à
> altura de nossas crianças e adolescentes.
>
> Assinam a Nota:
>
> 1. Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância -
CIESPI;
>
> 2. Programa Cidadania e Direitos Humanos da Universidade do Estado
do
>
> Rio de Janeiro - PCDH/UERJ;
>
> 3. Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de
>
> Psicologia - CNDH/CFP;
>
> 4. Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia
do
>
> Rio de Janeiro - CDH/CRP-05;
>
> 5. Cristina Rauter - Professora da Universidade Federal
Fluminense / UFF;
>
> 6. Programa Pró-adolescente - Universidade do Estado do Rio de
Janeiro/
>
> UERJ;
>
> 7. Márcia Badaró - Conselheira do Conselho Regional de Psicologia
do
>
> Rio de Janeiro (CRP-05);
>
> 8. Anna Paula Uziel - Professora da Universidade do Estado do Rio
de
>
> Janeiro/ UERJ.
>
> 9. Maria Helena Zamora - Professora da Puc-Rio
>
> 10. Marcelo Dalla Vecchia - Professor da Universidade Federal de
Mato
> Grosso do Sul (UFMS)
> 11. Instituto de Estudos de Gênero - UFSC
>
>
>
>
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