A fala do ministro da Saúde José Gomes Temporão é incompleta e mostra um completo desconhecimento sobre o teor "técnico" dos profissionais que existem na rede publica e mesmo na rede privada. O problema não está, apenas a automedicação mas, PRINCIPALMENTE, MEDICAÇÃO ERRADA.
O DESCONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS SOBRE O QUE É UM ANTIBIÓTICO (conceitos básicos obtidos naquela aula simples de microbiologia básica )é total.
Pouquíssimos são os profissionais que seguem e conhecem os procedimentos mínimos para o uso do medicamento. A maioria (posso garantir essa posição por ter convivido com a categoria durante 25 anos) não seguem os POPs para escolher CONSCIENTEMENTE, o antibiótico a ser ministrado.
Pouquíssimos conhecem a diferença de atuação de uma bactéria Gram Positiva de uma bactéria Gram Negativa, de um coco e um cocobacilo, locais de ação, patogeniciade, risco, etc.
* estou com Staphyloccocus epidermidis - DEVO TOMAR ANTIBIÓTICO? QUAL? * a resposta sempre é: DEPENDE
Hoje, qualquer febre, gripe, dor de garganta, de dente, de cabeça, de ouvido, de calo.....se "resolve" TOMANDO antibiótico. Evidentemente, na maioria dos casos, é resolvido, não pela atividade real do antibiótico mas sim pela própria evolução natural. Se não der certo, aí vamos ver o que fazer.....
A Antibioticoterapia é uma matéria simples e clara e o aparecimento das cepas MULTIRRESISTENTE SÓ OCORRE PELO DESCONHECIMENTO BÁSICO DE PROCEDIMENTOS POR PARTE DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA.
A medicação errada, sem uma avaliação do antibiograma, sem a avaliação do potencial bacteriano, leva ao USO IRRACIONAL do antibiótico com, obviamente, o surgimento de cepas multirresistentes.
O ministro não entende que não é na farmácia comum que está o problema. Os grandes surtos de multirresistências ocorrem bem debaixo dos nossos olhos, ou seja: NOS HOSPITAIS onde aí temos, além do uso IRRACIONAL E DESCONTROLADO dos antibióticos, PROCEDIMENTOS IRRACIONAIS CARREANDO ESSAS CEPAS e aumentando o número de infecções hospitalares e aumentando a RESISTÊNCIA. A atuação consciente e LEGITIMADA e RESPEITADA da CCIH, a conscientização dos profissionais e o CONHECIMENTO sobre o tema resolveria e evitaria essa multirresistência.
MINISTRO: Proponho que seja feito um debate onde POPs padrões para ANTIBIOTICOTERAPIA sejam discutidos. Essa discussão seria coordenada por profissionais com experiência em Microbiologia, PORÉM, os participantes seriam médicos de várias especialidades. Médicos que indicam os antibióticos. Será que algum deles teria a coragem de participar desse debate?
drs...vamos lá ????
falta de preparo profissional + marketing da industria...QUEM SEGURA ESSA BOMBA???
RESUMINDO:
A ANVISA DEVERIA CRIAR UM MECANISMO ONDE, APENAS O PROFISSIONAL QUE ENTENDESSE COMO MINISTRAR UM ANTIBIÓTICO PUDESSE FAZE-LO.
Célia Wada farmacêutica - bioquímica especialista em microbiologia e gestão de riscos
Tatiana Damasceno
Direto de Brasília -19 de outubro de 2010
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou nesta terça-feira que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve editar uma nova norma para a compra de antibióticos nas farmácias, em resposta ao surto de bactéria super-resistente Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC). Para adquirir o produto, o consumidor seria obrigado a ter um tipo de receita que é retida na farmácia, exatamente como é feito com os medicamentos controlados. A medida dever ser editada em dezembro, segundo o órgão.
"Infelizmente no Brasil nós ainda temos uso indiscriminado de antibióticos. A Anvisa está concluindo uma nova regulamentação a partir da qual o acesso ao antibiótico nas farmácias só vai poder se dar através de receita médica.
O autoconsumo, o consumo irresponsável, a má prescrição é que levam a situações como essa", afirmou Temporão. As mudanças serão feitas para coibir o uso indiscriminado de antibióticos, que leva à população a ficar mais resistente ao medicamento, fazendo com que o organismo não reaja tão bem no caso de infecções mais graves. Para Temporão, esse pode ter sido o motivo para o surgimento da superbactéria KPC. O ministro disse que, por enquanto, o surto se restringe a Brasília. "Claro> que temos que analisar questões internas que podem ter levado a falhas no processo de controle de infecção hospitalar. Se aconteceu este problema aqui é porque houve falha em algum momento do processo", afirmou. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal divulgou na última sexta-feira que o número total de pacientes suspeitos de portarem a bactéria é de 135. O crescimento é de 25% em relação à semana passada, quando o governo informou um total de 108 casos suspeitos, de janeiro a outubro deste ano. Apesar disso, a secretaria diminuiu o número de mortes ligadas à infecção. Na semana passada, eram 18 óbitos, mas três foram descartados como sendo relacionados à KPC. Até o momento, a bactéria foi identificada em 16 hospitais, nove públicos e sete privados. Ao adquirir uma enzima, a bactéria se tornou resistente a um grupo de antibióticos, incluindo os mais potentes contra infecções, e pode se tornar insensível aos três únicos antibióticos que restaram para o seu tratamento.
Com informações da *Agência Brasil*.
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