Tamos aí na Austrália... Vivendo... A vida é um combate que os fracos abate
... Wednesday, September 14, 2005 OOllaaá! Cheguei... Mais uma semana que se passa, um mês que se passa desde que cheguei à Austrália... Caraça! Passou tão rápido. Parece que era ontem que eu estava fazendo contas e mais contas com o dólar ficando um centavo mais barato ou caro. Ou então que eu estava indo ao show da Tati quebra barraco com a Fé, na véspera de eu pegar meu avião em direção a Sidney. Um mês depois, inglês melhor, desespero menor, emprego na mão (porco, quer dizer, fico molhado lavando carro o dia inteiro, mas, pelo menos, trabalho três vezes por semana, assim me sustento e ainda tiro uma grana), saindo da casa da tailandesa... Jonas chegou. Graças a Deus! Um amigo em casa. E o melhor: é que entende o que as pessoas falam em inglês no telefone. Não vou dizer que está uma maravilha aqui. Mas com toda absoluta certeza tá muito melhor que os meus primeiros dias de Sidney, assim que cheguei. Mas vamos lá as novidades... Ontem, jogamos uma bola com uns gringos. Foi muito engraçado! Lembrei do futebol que uma vez o meu semestre da UNB jogou num churrasco. Foi Brasil (meu semestre) contra o resto do mundo (chineses - sempre eles- e não lembro o resto). Ontem foi a mesma coisa. A galera quase fez um time só de brasileiro (claro, joguei do lado dos brazucas) e outro time só de estrangeiros. Não precisa dizer que nos batemos os caras, né? Mas, pô! Foi meio chato. Deu uns vinte minutos e ninguém agüentava mais nada. Aí resolvemos jogar um travinha 8 X 8, com meio campo. Não precisa dizer a bagunça que ficou. Pra variar, claro, sai de lá com o singelo apelido de Maradona (mais pelo fato da semelhança física do que pelo futebol). Lá, no carwash, depois dos primeiros dias de chicotadas e chibatadas a mulher, agora já ficou mais de boa. Inclusive ela tava ligando insistentemente pra uma amiga minha (a mulher não tinha meu celular ou tinha perdido, sei lá), pedindo pra eu ir trabalhar lá, que tinha gostado bastante do meu trabalho e talvez... Quer dizer, já gozo até de uma certa moralzinha no carwash, serviço não muito pesado, mas com o grande problema: é CHATO, CHATO PRA CACETE, ficar lavando carro 8 horas seguidas, com uns cinco minutos pra poder comer alguma coisa no que se poderia dizer de horário do almoço. E, no final, ainda ter que voltar todo molhado pra casa. Mas por cem dólares por dia de trabalho (sendo que com 250 dólares por semana vivo melhor do que vivia em Brasília) e sem ter que ficar limpando pneu e agüentando afegão pagando de boy (vocês tinha que ver o óculos escuro do bicho quando eu fui pegar meu pagamento. Puta merda! Afegão playboy só na Austrália mesmo). No final do dia vale a pena. Mas a melhor parte do carwash não é essa. Está acontecendo comigo um fenômeno típico das pessoas que trabalham em indústrias de chocolate. Vi uma vez uma reportagem falando que o melhor tratamento para os chocólatras largarem o vicio era, paradoxalmente, enfurná-los a trabalhar dentro de uma fábrica de chocolate. Ao passarem o dia inteiro sentindo aquele cheiro de chocolate no trabalho, eles acabam enjoando e não sentem mais vontade de comer chocolate, passando até mesmo a odiá-los (isso claro, excetuando-se Willian Wonka e os Oompa Loompas, já que eles recebem seu pagamento em cacau, ainda que trabalhem com chocolate o dia inteiro). Comigo esta acontecendo a mesma coisa, pô! O que eu mais tinha vontade de comprar na minha vida era um carro tipo uma BMW ou uma Mercedes, mas agora eu passo o dia inteiro lavando BMW, vidro de Mercedes Benz, aspirando banco de Pajero, polindo Porsche... Já tô de saco cheio! Enjoei! Não agüento mais ver esses carros! Sabe quando começa a ficar sem graça? Quando chegar em casa vou pegar a grana que eu tava juntando pra comprar o meu BMW Z3 e vou comprar agora um golzinho mesmo. Puta carrinho. Bonitinho e ainda sai mais barato para limpar no carwash (não que tenha Gol aqui, mas carro menor é mais barato). Enchi o saco de Mercedes-Benz! Ontem, eu e o Jonas fomos ver uns picos pra morar (nossa!!!! Já to falando que nem paulistano!). Foi muito engraçado. Jonas chegou e falou pra mim: - não, Maranhão! Achei uma casa razoável pra gente poder morar. Não sei se tu vai gostar de lá. Eu achei mais ou menos e o melhor é que é perto da praia e tem o mesmo preço do apartamento da tailandesa. Eu disse: mas, Jonas, tu moraria lá?. Claro cara! De boa! Pô, Jonas, se tu, que nunca morou longe da família, tá dizendo que vai morar, não vai ser eu, macaco velho, com cinco anos fora de casa, que vou ficar reclamando. Lugar pra mim não tem que ser bom. O preço que tem que ser... Ledo engano. CARAMBA! Quando a gente chegou, deu vontade de sair correndo. Foi muito engraçado. Começou que a gente nem bateu na porta porque lá NÃO TINHA PORTA. Fomos entrando... Era um conjunto de casas, semelhança perfeita com os ambientes sombrios e tenebrosos de Silent Hill e Resident Evil. Eram, claro, pura obra da minha imaginação. A gente foi adentrando dentro de casa e tinha um gordo com uma cara de capanga, barba por fazer, bebendo uma cerveja, com uma cara de uns 30 anos, fumando e vendo TV. Jonas perguntou aonde estava o dono da casa. O bicho não falou nada. Só olhou de canto de olho e apontou. E lá vai a gente conversar com o dono. Sabe aqueles hippies que agente vê na praça Deodoro, em São Luís, ou em frente ao shopping Pátio Brasil, em Brasília? O bicho era igualzinho! Mas igualzinho mesmo, inscritinho mesmo. Cabelo grande e ruim, tatuado, cheio da marra... Veio falar com agente na ginga e talz... Quando o bicho me mostrou os quartos eu só faltei correr. Os banheiros, meu Deus do céu, parece que o bicho deixava encardido de mau. Por um momento achei até que ia saltar algum bicho em cima da gente. Quando ele levou a gente pra conhecer o outro quarto (a melhor parte, parecia filme americano) tinha um chinês sentado. CARALHO, O BICHO TINHA MUITA, MAS MUITA CARA DE MAFIOSO. SÓ OLHANDO O BICHO. Fumando com um cigarro no canto da boca e, claro, como todo bom mafioso, contando dinheiro no meio da sala. Fumando com o gordo, meu Deus do céu Só falei thank you, virei pro Jonas e: -VAMOS EMBORA DESSE PARDIERO O MAIS RAPIDO POSSIVEL!!!! Nossa! Morar com a tailandesa por um momento parecia tão agradável quanto morar com o Welton... De boa, Jonas falou: -vamos embora, MAS PRA ONDE? Claro, como toda boa história não tínhamos casa pra dormir no próximo dia. Começamos a pensar, comecei a ligar pra alguns amigos brasileiros até que enfim a gente achou um anúncio no meio da rua falando de um apartamento pra alugar. Fomos ver um quarto pra duas pessoas do tamanho do da tailandesa e MAIS BARATO, sem mafiosos e gordos mal encarados. Só com mais dois chineses na casa. A gente nem pensou nada. É aqui que a gente vai morar. E eu, de tanto falar mal da tailandesa, ontem fiquei de consciência pesada. A mulher tava indo embora de casa e danou se a dar um bando, mas UM BANDO DE COISA PRA GENTE. Deu cabide, fronha, colcha, prato, colher, faca, garfo, torradeira, panela, frigideira. Eu acabei foi ligando pra uns brother meus, brasileiros, e perguntando o que os bicho estavam precisando na casa deles. Os bichos falaram e lá fui eu, claro, sugar mais a mulher... Acabou que eu e o Jonas vamos é acabar vendendo aquilo tudo e vamos ficar com a grana.. Uhauehuhe! Mas a mulher deu tanta coisa pra gente que o Jonas acabou ficando foi sem graça e ainda deu um par de havaianas pra mulher, como um brazilian gift Galera...! Vou parando por aqui. Hoje é pay day e tenho que ir no carwash pra poder pegar todo o meu dinheiro de rapaz trabalhador. Abraços... Claudiomar Matias Rolim Filho Relações Internacionais UNB |
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